Criei este blog para as génias e os génios se poderem encontrar e continuar a dançar e a sorrir com ela.
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Fazes muita falta mana

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os peixes

Quando eu era criança passava, por vezes, férias numa aldeia perdida no centro do país. É mesmo no centro, medindo de todos os lados – se quiséssemos traçar uma circunferência, espetaríamos ali a ponta do compasso.
Um dos meus passatempos consistia em tentar apanhar com as mãos os peixinhos da ribeira. Guardava-os num frasco e depois soltava-os e via-os ir.
Uma vez levei-os para casa e enchi a banheira para manter os meus amigos perto de mim, mas as autoridades lá de casa impuseram o regresso imediato dos peixes ao seu habitat. As autoridades eram todos excepto eu – ninguém queria abdicar do banho por causa dos meus frágeis companheiros ali retidos, argumentando que estavam muito infelizes.
Nesse jogo de apanhar peixes à mão, a maior parte deles escapavam por entre os dedos e desapareciam sem retorno. A Eugénia fez-me relembrar essa sensação – escorregadia, escapou-se e acolheu-se no mistério que a transparência das águas pode encobrir... para onde eu olhava tempos infinitos esperando rever o pequeno peixe que se empenhara em ser livre.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A história das cenouras - saudades

Aqui vai uma das histórias que tenho escrito sobre as minhas aventuras com a Eugénia, desde que perdi a vantagem de poder estar com ela, nem que fosse para implicarmos uma com a outra. Nem que fosse para não dizer nada.

Uma vez, eu e a Eugénia zangámo-nos por uma questão de cenouras. (Nós volta e meia marrávamos porque eu sou Touro e ela Carneiro – deve ser isso). Estávamos em Sesimbra e decidimos fazer uma sopa. No supermercado havia um caixote de madeira com cenouras de vários tamanhos. Eu queria comprar várias cenouras pequenas e a Eugénia apenas uma grande. Eu argumentei que as pequenas eram mais tenras e a Eugénia disse que uma grande dava menos trabalho a descascar. Mantivemo-nos durante uns bons minutos a aprofundar a teoria da cenoura prá sopa. Estávamos grávidas e picuinhas. Julgo que foi por isso que nos saltou a intelectualidade prás cenouras. Levámos a cenoura grande e depois de comermos a sopa já estava tudo esquecido. A outra vez que me lembro de me aborrecer com a Eugénia foi quando ela disse que ia para o Brasil. Eu não percebia o que é que ela ia fazer para um sítio onde não tinha conforto para cuidar de si... e havia tubarões e jacarés nas sedutoras águas do paraíso (fartei-me de rezingar até ao disparate). Também me passou a birra porque tinha de ser assim. Ela enviou-me uma linda mensagem do Brasil, que ainda hoje guardo no meu telemóvel: «Querida Raquel! Um grande abraço do Brasil de parabéns! A tua força e coragem ajudam-me sempre! Estou numa fase frágil de mudança e pessoas que me são queridas e importantes estão muito presentes. Aqui é muito bonito! Espero que estejas bem com força energia e animação! Grande abraço Raquel querida.». Foi em Maio, p’los meus anos.
A verdade é que há muito tempo que não vejo se compro cenouras grandes, pequenas ou tenras, porque pego à pressa naqueles sacos de supermercado sarapintados de vermelho para acreditarmos que as cenouras têm uma cor viva e fresca. A Eugénia escolheu tudo o que fez. As cenouras sabem a pacote. E que falta me fazem as birras entre mim e a Eugénia!

4/04/09

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Renée Maia de Carvalho

Foi há tão pouco tempo, que me cruzei com a Eugénia, e o seu Filhote, nas escadas do posto da Caixa de Algés.

Combinamos encontrar-nos, e voltamos a trocar os nossos contactos.

Debaixo do lenço, no seu rosto marcado, brilhavam os seus lindos olhos e um sorriso feliz.

Entre muitas recordações, lembro-me dos seus croquis feitos nos transportes públicos, da sua fase “cartoons”, da sua primeira gravidez, dela me descrever a casinha de Algés, dos azulejos, da sua mudança para Lisboa e experiência nova de vida em comunidade, a sua nova paixão e novo bebé….

Imaginem a Eugénia a fazer uma mímica sobre a secura da pele, frente a uma plateia de jornalistas, e no âmbito do lançamento de um creme hidratante! Pois, ela executou-se com aquela naturalidade e espontaneidade que a caracterizavam!

Adorável Eugénia!

No portão da nossa casa, está um pequeno painel de azulejos, realizado por ela. A casa chama-se “La lézardière”, devido à uma paixão por lagartos, que remonta à minha pequena infância, no ex-Congo Belga.

Ao saber disso, a Eugénia teve a gentileza de me oferecer um lindo e antigo lagarto de chumbo, que se juntou aos herdados da minha Bisavó, e protegem a entrada da casa.

Sempre gostei de pessoas com “pancada”, diferentes, que vivem à contra-corrente, e se assumem.

Sempre me fascinou a arte da provocação e da “dérision” para agitar o estabelecido. Não me admirou saber da adesão da Eugénia a um movimento de raízes “Dadaiste”. Conhecendo o seu percurso, parece-me lógico.

A Eugénia, para mim, será sempre um exemplo de pessoa em perfeita sintonia com a vida, fiel às suas opções, fora dos circuitos convencionais, em constante procura e “ remise en question”, que transmitia esta energia e este equilíbrio (no “desequilíbrio”!?..) por cada poro da sua pele.

Era mesmo Eu-Génia!

Gostava de ter uma palavra de apoio aos vossos admiráveis Pais, sempre presentes, carinhosos e compreensivos, e dar-lhes um muito grande e sentido abraço.

Obrigada, Ricardo, pelo blogue, que me permitiu partilhar a vossa intimidade, e rever (lindas) fotos da Eugénia.

Gostava muito de levar umas flores do campo à Eugénia, e falar com ela, pois sinto (e vou sentir) muito a sua falta.

Beijinhos.

Renée Maia de Carvalho