Sylvie Zink

Olá Ricardo, vi o teu blog no do Rui, e acho um alívio este blog, porque a história não podia acabar aqui e assim... provavelmente cruzámo-nos há anos numa das festas de anos, ou não, da Eugénia ou da Paula Coelho.

Sou Sylvie, a mulher do Rui Zink, e há anos tambem que nao via a Eugénia.

Por isso nos seus últimos momentos tao esgotantes nao apareci, mas liguei-lhe no domingo de manhã antes da sua morte, e ela foi tao carinhosa que comecei a acreditar, apesar da voz e do cansaço, que um milagre seria possível...

Há muito tempo, levei-a à uma consulta no hospital inglês, e a minha médica ficou assustada e aconselhou-a à se fazer operar logo. Um pouco depois, portanto, levei-a à uma consulta (o Alban também estava) no ipo, e a doutora que eu conhecia disse-lhe o mesmo.

Depois não sei. Nunca mais tive notícias claras, e fiquei com a impressão que ela não se queria curar, por razões de mim desconhecidas. Acreditava no poder dos vegetais que comia na altura, lembro-me muito bem dessas dietas...

Além das performances dos felizes da fe e das festas, tenho duas recordações muito queridas:

uma vez, ainda havia no forum picoas a feira internacional bianual do artesanato, parei numa loja de artefactos cheia de bonecas de pano e brinquedos de madeira, e tambem havia alguns azulejos. Adoro azulejos, como boa estrangeira, e fui os vendo detalhadamente. So gostei de um deles, que comprei logo. Pouco tempo depois, encontrei por acaso a Eugénia, falamos de tudo, e contei-lhe que tinha comprado o tal azulejo, que me tinha encantado. Descrevi-lhe, e descobrimos que a pintora fora ela mesma! Depois comprei-lhe um espelho com moldura de azulejos pequenos que ela tinha pintado. Todos os dias desde então vejo e gosto desta moldura...

A segunda recordação é o nosso encontro surpresa no conservatório. O Manel devia ter cinco anos, ou seis, e ela queria pô-lo na música, portanto ainda devia viver em lisboa, naquela casa que partilhava com o Alban. Fiquei contente noutro dia quando o Manel, ao telefone, disse-me que tocava piano. E muito importante, e era muito importante para a Eugénia.

Tambem fico contente por perceber que o Manel continua a ter uma familia que cuidará dele com muita ternura.

Desculpa este desabafo mas a desaparição da Eugénia, além de nos tirar a pessoa notável que ela era, continua a me parecer um absurdo inacreditável. Por isso partilhei a minha angústia, como se não tivesses que chegue...

mil obrigados pelo blog!

beijinhos a todos

sylvie

Olá ricardo,

continuando a conversa das fotografias, quem fosse à festa poderia levar as que tem com a eugénia para as podermos ver em albergaria, fica aqui a sugestão. Ainda estou a pensar no alimento para a alma...
até breve

E mais um dia em que estás presente no pensamento e na conversa, das mais diversas formas.
Ontem à noite, comovi-me muito. mas hoje, recuperei aquela energia tão positiva que nos transmites.
Que presente tão fantástico que nos deixas, Eugénia querida: sentirmo-nos mais vivos, mais próximos uns dos outros, descobrirmos amigos, redescobrirmos outros, ..., nada mais como antes. E ainda agora começaste. Por mim, estou espectante.

Por agora, até dia 05 - domingo de ramos - dia em que Jerusalém acolhe Jesus em euforia, para afinal o sacrificar na 5ªfeira seguinte, em sofrimento agonizante. seguir-se-lhe-ia a redenção pelo AMOR que tão bem conheces, contagias e descreves nas tuas palavras.

Ricardo, dá-nos conta do que quer que precises para esse Domingo. Quero muito colaborar.
beijo enorme para vocês todos.
cat

noite de cinema com a Cristina Osswald,
seguida de chazinho, noite dentro, em minha casa.
ela trouxe uma amiga curiosamente chamada Paz.
18 anos de conversa para pôr em dia,
contigo e o teu blogue como leit motiv.

e assim se reencontra uma amiga.
Obrigada, Eugénia querida.

e obrigada Ricardo,
pelos teus pensamentos em cheio.
és um irmão especial.
sabes isso, não sabes?

E assim se passou uma semana sem a eugénia.

entre o surreal que só a vida sabe inventar,
o alívio de saber que não sofre mais,
o carinho de todos os que a amam,
a tristeza de não voltar a ouvir o riso dela,
a ternura dos filhos que nos deixou,
o calor e alegria dos amigos,
as lições que me ensinou sem que eu desse por isso,
o medo de não ter dado tudo o que podia,
a preocupação que tudo fique bem,
o vazio que insiste em ficar vazio,
a vontade de rever todos os momentos,
a saudade,
a saudade,
tanta saudade...

não sei se te admiro mais pela tua beleza
se pelo teu percurso académico
se pelas viagens que soubeste fazer
se pela tua aventura permanente
se pelo teu talento e criatividade
se pelo teu humor
se por nunca te ter ouvido falar da vida de ninguém
se pelos teus dois filhos lindíssimos
se pela coragem das tuas opções
se pela tão grande diversidade de pessoas que mobilizas à tua volta
se pela genuinidade do teu coração
se pelo impacto desta tua partida, assim, desta maneira...

cat

não me canso de ver as fotos
e a clareza das tuas palavras.
(obrigada Ricardo)
és uma mulher tão especialmente bonita.

pela primeira vez, e perante a partida de uma pessoa,
percepciono que apenas estamos em dois lados diferentes de uma mesma realidade - a vida.
ou o amor.
ou talvez vida e amor sejam a mesma coisa.
ou talvez a vida, o amor e o bom humor, como nas tuas palavras.

está tudo bem. está tudo em conformidade.
apenas tu passaste para um outro lado e nós ainda não.
ainda assim, há momentos em que não consigo impedir lágrimas profundas de imensa de saudade.
tristeza fininha, mas que não sulca. apenas desliza.
até à nossa penúltima conversa - o enraizamento.
e ao abraço mais que na vez seguinte, voltei ainda atrás para te dar, sabendo que seria o último, por agora.
apertado.
que saudade tão grande minha amiga.
tão bonita que tu és.
tão bonita. tão bonita.

cat

boas fotos, ricardo.
adorei.
adorei.
linda eugénia.
5ª feira lá estaremos.
uma noite descansada pra vocês.
cat

Boa noite Eugénia. E bons sonhos.
Amanhã é outro dia, desta nossa nova vida. Da tua, como da minha.
Fica bem, minha querida.
cat

Missa de 7º dia na capela de miraflores, ao lado do centro comercial Dolce Vita, 5ª feira às 18h.

Conhecer a Eugénia foi uma porta que se abriu, e por ela entrou e cruzaram-se amigos, experiências de outras formas de viver, canções inventados e outras não, andanças e poemas.
Quando ele foi para o Brasil achei que seria difícil continuar sem ela. Mas continuei e ela voltou.
Agora tudo parecia ficar pequenininho, mas vi os pais o irmão os filhos os amigos e tudo esta sereno, pronto para deixar a Eugénia continuar o seu percurso entre nós.
Alice

sábado

obrigado caty. és muito especial.
todos os amigos da eugénia são.
ontem senti-me fora do meu corpo. acho que o emprestei à minha irmã para se despedir de todos. hoje estou vazio.

Eugenia, minha querida

Hoje, durante o almoço, pensava que te iria contar que tu tinhas morrido, mas que afinal, todos estavam bem dispostos. E imediatamente percebi que não podia contar-te mais nada.
Mais tarde, perante uns precalços com o teu primo, pensei na conversa em que tos contaria e nas tuas risadinhas:<>
Mas também não te posso contar isso.

Percebi, no entanto como cercaste os teus filhos do teu carinho e atenção, através dos inúmeros amigos hoje presentes.

Foi inexplicável o dia de hoje, Eugenia.
A pena que o teu tio que o teu tio achou nas minhas costas, de manhã.
A estrela cadente tão definida, na viagem de regresso à noite.

Sinto o maior privilégio em conhecer-te e contar contigo como amiga , para sempre.
Ainda não percebi bem qual o impacto nas nossas vidas da tua partida tão prematura, mas confio que com o tempo, nos mostrarás o seu sentido.
Fica bem, Eugenia querida.
E alcança a luz.
Ela é toda para ti e está à tua espera.

cat
14 mar 09

Para quem conheceu a Eugénia, o mundo ficou definitivamente mais pobre esta sexta-feira....

Natal 2008

a eugénia fez a última viagem mas vai estar sempre connosco