Foi há tão pouco tempo, que me cruzei com a Eugénia, e o seu Filhote, nas escadas do posto da Caixa de Algés.
Combinamos encontrar-nos, e voltamos a trocar os nossos contactos.
Debaixo do lenço, no seu rosto marcado, brilhavam os seus lindos olhos e um sorriso feliz.
Entre muitas recordações, lembro-me dos seus croquis feitos nos transportes públicos, da sua fase “cartoons”, da sua primeira gravidez, dela me descrever a casinha de Algés, dos azulejos, da sua mudança para Lisboa e experiência nova de vida em comunidade, a sua nova paixão e novo bebé….
Imaginem a Eugénia a fazer uma mímica sobre a secura da pele, frente a uma plateia de jornalistas, e no âmbito do lançamento de um creme hidratante! Pois, ela executou-se com aquela naturalidade e espontaneidade que a caracterizavam!
Adorável Eugénia!
No portão da nossa casa, está um pequeno painel de azulejos, realizado por ela. A casa chama-se “La lézardière”, devido à uma paixão por lagartos, que remonta à minha pequena infância, no ex-Congo Belga.
Ao saber disso, a Eugénia teve a gentileza de me oferecer um lindo e antigo lagarto de chumbo, que se juntou aos herdados da minha Bisavó, e protegem a entrada da casa.
Sempre gostei de pessoas com “pancada”, diferentes, que vivem à contra-corrente, e se assumem.
Sempre me fascinou a arte da provocação e da “dérision” para agitar o estabelecido. Não me admirou saber da adesão da Eugénia a um movimento de raízes “Dadaiste”. Conhecendo o seu percurso, parece-me lógico.
A Eugénia, para mim, será sempre um exemplo de pessoa em perfeita sintonia com a vida, fiel às suas opções, fora dos circuitos convencionais, em constante procura e “ remise en question”, que transmitia esta energia e este equilíbrio (no “desequilíbrio”!?..) por cada poro da sua pele.
Era mesmo Eu-Génia!
Gostava de ter uma palavra de apoio aos vossos admiráveis Pais, sempre presentes, carinhosos e compreensivos, e dar-lhes um muito grande e sentido abraço.
Obrigada, Ricardo, pelo blogue, que me permitiu partilhar a vossa intimidade, e rever (lindas) fotos da Eugénia.
Gostava muito de levar umas flores do campo à Eugénia, e falar com ela, pois sinto (e vou sentir) muito a sua falta.
Beijinhos.
Renée Maia de Carvalho